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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Lara na nursery (agüenta coração!)

Estou aqui com o coração apertado. Acabei de deixar Lara na nursery. É o quinto dia e ela continua chorando e chorando. Hoje, quando saí, ela implorou: "por favor, mamãe, eu quero ir pra casa, não me deixe aqui...". Ai, que dó!!!

Lara está com 2 anos e meio, já na hora de ir pra escolinha. Lembro que Iuri foi logo quando completou 2 anos. Lembro também que ele chorou, o que é normal, mas não com a mesma intensidade do que Lara. Eu não coloquei ela antes porque minha sogra estava aqui e podia  ficar em casa com ela. Mas agora, além de eu achar que ela precisa se socializar, se trata de uma necessidade pois não tem quem fique com ela o tempo todo. 

Aqui, o esquema com os pequenos é diferente do Brasil. As escolas, em geral, só pegam crianças a partir dos 5 ou 6 anos. Mas muitas vão logo cedo, com poucos meses de idade, para o que eles chamam de nursery, que nada mais é do que uma creche. As mães precisam trabalhar e não tem babá por aqui não!

Procurei várias creches para colocar Lara. A preferência é que fosse perto da nossa casa. Visitei algumas. Aqui, como eles têm limitação de espaço, as creches crescem na vertical, com dois, três andares e muitas escadas. 

Quase fechei com uma que nem era tão perto de casa, mas na hora do desespero... Só que "meu santo"  (baiana que sou!) não bateu com o daquelas mulheres. Achei elas sem muito tesão pelo trabalho. 

Encontrei outra, até mais perto de casa, que gostei muito. Uma das primeiras coisas que a diretora me falou quando visitei a creche foi sobre a saída de incêndio. Aqui, eles dão muita importância a isso. Também com o histórico que tem... 


A nursery é dividida em 3 partes. Uma para os babys de 5 meses a 2 anos, outra para os toddlers de 2 a 3 anos (é a de Lara), e a de 3 aos 5 anos. Contei hoje na sala de Lara 12 crianças para 4 "tias". 
Lara e os coleguinhas ouvindo a "pró"contar histórias

Lara tem aulas de balé, yoga e drama (teatro). Ela almoça na escola, a comida é orgânica. Como não há muito espaço físico, as crianças saem com as "tias" para brincarem numa quadra de futebol gramado que fica quase em frente à escolinha. As "tias"só falam inglês. Esse é o meu drama (e sem teatro!): como minha filha vai se comunicar? Dizer que está com fome, que está com frio, que quer fazer xixi? Todo mundo fala: "não se preocupe pois criança aprende outra língua muito rápido". Ok, mas tem mais uma questão: fico com medo dessa dificuldade de comunicação tornar Lara uma pessoa retraída, fechada, introspectiva. Pode ser viagem minha mas é que faz parte. Educar é fogo. A gente tem que pensar por vários ângulos, embora sempre tentando fazer o melhor pelos nossos filhos.
Lara tentando fazer amizade com uma alemazinha. Conversam sobre o quê mesmo??
Enfim, não tem jeito. A partir da próxima semana, a minha pequena vai ficar praticamente o dia todo na creche. Ela vai ter que passar por essa adaptação - e eu também. Não sei quem está sofrendo mais, ela ou eu. Pois ver minha filha com os bracinhos pra cima pedindo "por favor mamãe não me deixe aqui" é hard. Mas Lara também precisa tirar proveito dessa nossa estadia em Londres. Que momentos angustiantes! Espero que passem logo.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Eles, os ingleses


Se os americanos são tipicamente americanos, como já disse Caetano Veloso, digo eu que os ingleses são tradicionalmente ingleses. Sim, eles tomam chá - e muito!, eles cumprem o horário britanicamente, eles são extremamente educados: mesmo se for você a esbarrar num inglês, tenha certeza de que vai ouvir um sorry. Mas eles são mais do que isso. Trata-se de um povo extremamente consciente dos seus direitos e deveres. Certamente pelos anos a mais de história, eles têm uma maturidade gritante em relação a nós brasileiros. Não estou falando de forma deslumbrada não, mas como observadora do dia-a-dia de Londres. 

Tenho seis meses por aqui e ainda me comove entrar num metrô e ver todo mundo lendo. Um livro, um kindle, um jornal. Aliás, os jornais são distribuídos gratuitamente nas estações de metrô (o melhor, na minha opinião, é o Evening Standard que sai à tarde e já traz as notícias do dia - o The Guardian não está incluído nessa lista). Acho até que os ingleses desenvolveram um jeito especial de ler em pé porque, na boa, o metrô pode freiar ou acelerar em cada ponto que eles não se abalam. 

Coisa que já me emocionou e agora me acostumei é o respeito pelo outro nas escadas. O lado esquerdo está sempre livre para quem tem pressa. Tão bonitinho ver aquela fileira de gente só na direita! Outra coisa: o que quer que você compre, tem um prazo para trocar, como no Brasil, mas tem também a opção de ter o seu dinheiro de volta -  it is the refound

Já vi vários pedestres xingarem motoristas que tentam passar no sinal vermelho. Are you crazy? ou Hey, I will call the police!. A polícia é constantemente chamada por assuntos que, no Brasil, seriam banais mas em Londres são levados a sério. Uma conhecida minha chamou a polícia porque pegou a vizinha escutando atrás da porta dela. A polícia foi sim e questionou a vizinha. 

Existe ali uma liberdade e, ao mesmo tempo, um respeito pelo outro muito grande. Minha sogra voltava de ônibus para casa à noite quando entrou um homem bêbado falando alto. Sabe o que aconteceu? Simplesmente o motorista mandou ele sair ou chamaria a polícia. Detalhe: a polícia lá  não usa armas. 

Eu já vi pessoas altamente simpáticas e acessíveis a mim se transformarem em vilãs. Quando coloquei Lara na nursery veio um termo para assinar que, entre outras coisas, dizia que em caso de falta, a creche deveria ser avisada. Bem, um dia ela faltou e eu não avisei. Resultado: recebi um telefonema pra lá de severo da coordenadora que eu achava a pessoa mais meiga do mundo. 

Por outro lado, acho que existe ali uma carência de afeto. Por exemplo, quando estou no metrô com Iuri, my son, a gente ou senta junto ou, quando tem poucos lugares, ele senta no meu colo, e a gente está sempre brincando, se beijando. Vejo nos outros sorrisos explícitos de cumplicidade. É, sempre há  dois lados da moeda, ainda que seja em pound!!

Para finalizar, Caetano again, mas diferentemente dele, não acho que para os ingleses branco é branco, preto é preto (e a mulata não é a tal), bicha é bicha, macho é macho, mulher é mulher. Acho, sinceramente, que os ingleses tendem sim a respeitar as individualidades. Embora, precise concordar com meu baiano preferido que dinheiro é dinheiro. E isso continua regendo o sistema. Acima de cor de pele ou de sexo! E, o que é pior: aqui embaixo, no nosso Brasil, a indefinição continua a ser o regime. "E dançamos com uma graça cujo segredo nem eu mesmo sei, entre a delícia e a desgraça, entre o monstruoso e o sublime".

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quinta-feira, 21 de março de 2013

Old Spitalfields Market

Hoje, quero falar de moda. Aliás, de moda propriamente não porque a palavra já está tão carregada de significados e experts que seria meio leviano euzinha leiga aqui querer tratar do assunto. Ok, leiga no sentido de não ser uma profissional da área (ainda! porque a Saint Martins que me aguarde em julho!!). Mas posso sim falar do tema com base no meu bom gosto (e sem falsa modéstia), no olhar crítico que tenho e na curiosidade de estar sempre descobrindo coisas novas. Pra mim, moda é muito isso. O famoso feeling.

Considerações feitas, vamos lá. Os markets de Londres são a minha paixão. Adoro passar os finais de semana explorando pelo menos um deles. A moda ali é mais usual, barata e descolada. Dá para você montar um visual moderno com peças criativas e uma infinidade de acessórios e, de quebra, ainda comprar todas aquelas lembrancinhas fugindo do tradicional magnet do Big Ben ou da camisa Keep Calm...

O meu market favorito é o Old Spiltafields Market. É um espaço com restaurantes e lojinhas bacanas com um monte de barracas de camelô ao centro. Funciona todos os dias da semana. O domingo, sem dúvida, é o dia mais cheio. A quinta é dedicada a peças de antiguidade. Sexta-feira é o destino para quem quer comprar roupas e para os amantes das artes. Eu prefiro o sábado, quando muitos estilistas novos expõem seus produtos. 

Têm coisas realmente interessantes. Estou colecionando algumas: uma gravatinha que na verdade é um broche e que dá um up em qualquer visual. Um vestido rosa com uma estampa diferente e um corte perfeito. Camisetas criativas com malha de qualidade (cada por aproximadamente 25 reais, essas são ótimas para levar de presente). Vale pechinchar, eles acabam sempre dando um descontinho.

Além das barracas, onde a pegada é garimpar, algumas lojas também valem a pena. Para roupas e acessórios recomendo a Traffic People, que tem um carro conversível na frente. Inconfundível e imperdível. Coisas diferentes e bem legais e a preços acessíveis. Se você quer comprar coisas pra casa, não deixe de passar na In Spitalfields. A loja tem várias peças interessantes que misturam artesanato tradicional com um design simples e elegante. Ali comprei uma calçadeira para bota que achei ótima mas nem sei se vai ter utilidade...

Lara se acabando no Gourmet Burger Kitchen
Entre uma loja e outra, pare para comer uma pizza na Fire and Stone ou um hambúrguer artesanal no Gourmet Burger Kitchen, considerado o melhor hambúrguer de Londres. 

Existem vários outros markets na cidade. Entre os meus favoritos, estão também o Brick Lane e o Camden Market. Volto a falar sobre eles mais adiante. 

Ganhei uma pulseira linda do meu Iuri
O Old Spitalfields Market fica perto da Liverpool Street. Você pode pegar o metrô para lá ou para a Aldgate East station e andar uns 7 minutos até o market. Boas compras!!
O carro da Traffic People


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Promessa!

Foi promessa de ano novo: escrever no blog pelo menos uma vez por semana. Como o ano só começa após o carnaval, então está tudo certo, ok? Vou começar honrando minha promessa com dicas de  restaurantes bem interessantes que fui em Londres. O primeiro deles é o Momo, um restaurante marroquino super estiloso, com paredes de pedras e comida maravilhosa. Conheci-o numa noite despretensiosa dessas que você vai para fazer uma coisa que por alguma razão não dá certo e acaba no lucro. No caso, fomos a um clube de jazz que estava lotado e terminamos nessa restaurante nota dez. Fica numa rua paralela a Regent Street (você pode pegar o metrô para Oxford Circus). Em termos de preço, é acima da média mas não chega a ser caro. Na varanda, gente fumando narguilé, me senti logo como a psicodélica lagarta de Alice no país das maravilhas. Por sorte, tinha mesa porque em Londres é sempre melhor reservar antes (sempre pela internet). Os móveis típicos me fizeram lembrar uma daquelas novelas da Globo (inchalá!!!). Pedi um carneiro com cuscuz marroquino (óbvio!). Geeente, manjar dos deuses!!! Antes dos pratos chegarem, fomos surpreendidos por uma música alta, os garçons começaram a dançar e veio um com um bolo na mão, era alguém que fazia aniversário. Foi super divertido! No andar debaixo, ainda tem club para quem quer alargar a noite. O endereço do Momo : 25, Heddon Street, London W1B 4BH (www.momoresto.com/restaurant/london/momo). Esse, considero imperdível!!!

Também conheci dois dos restaurantes do famoso Jamie Oliver. Ele, claro, é sensação em Londres. Sinceramente, não morri de amores por nenhum. Mas vamos lá: o Jamie's Italian (11, Upper St. Martin's Lane London WC2H 9FB) é muito agradável, o ambiente em estilo armazém, bem amplo, com frios pendurados em ganchos, balcão e móveis de madeira. A comida é boa. Comi massa mas não me lembro exatamente o quê. Gostoso e não é caro. O garçom descobriu que eu era brasileira e tratou logo de dizer que estava indo para o Brasil. Passei várias dicas a ele. Inclusive, melhores do que o restaurante do Jamie Oliver, huahua! (www.jamieoliver.com/italian/covent-garden). Fui num outro em pleno mercado de Covent Garden (um dos meus lugares preferidos em Londres). Chama-se Union Jacks. Pedi umas entradinhas deliciosas mas o prato principal (o meu foi porco) deixou beeeem a desejar. Depois, fiquei sabendo que o forte dali é pizza. Talvez, tenha vacilado, né?

Dois outros restaurantes que recomendo em Londres: o The Grill at the Dorchester e o Kopapa. O primeiro é para quem quer experimentar a comida inglesa. É carinho e chique. Fica num hotel em Park Lane. Eu, desavisada, fui parar lá de bermuda (e meia calça, é inverno aqui!). Achei que não iriam permitir a nossa entrada. Pediram para Iuri, meu filho, tirar o gorro. Todo mundo chiquerésimo. No começo, fiquei constrangida mas turista é turista...

O outro restaurante fica em Covent Garden e é bem inglês. Mas em outro sentido. Não vi turista lá, o que é uma boa experiência. É pequeno, simples e legal para pedir um monte de comidinhas. Eles têm "pratos pequenos" que equivalem a tira-gostos. Então você pode pedir vários para experimentar. Pedimos um polvo squeeze que estava delicioso. 

Ainda não fui em nenhum grande chefe lá. Mas já reservei um Alan Ducasse (o restaurante fica no mesmo hotel do The Grill at the Dorchester) e estou juntando grana para encarar o Gordon Smith, o mais famoso chefe de cozinha de Londres. Para fazer reserva num restaurante dele, você tem que dar o número do seu cartão e, se por acaso faltar, paga mais de 100 libras. Fico imaginando então quanto deve ser a conta... Conto em breve para vocês!!! 

Beijos e até breve, bem breve, afinal, promessa é promessa!!!!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Boxing Day

Quando uma colega tailandesa disse que ia acordar as 5h da manhã para ficar na fila da Harrolds no Boxing Day, achei puro exagero. Coisa de oriental, pensei eu. Fui aparecer na Oxford Street lá para as 10h da manhã. Há meses tinha em mente o que queria comprar: uma bolsa Prada. Fui direto para a Selfridge, uma loja de departamentos bem bacana, direto para o box da Prada. Tomei na cara: a fila estava dando voltas. Detalhe: só tinha oriental. Não sei se eles estão montados na grana ou se têm mais paciência que o resto do mundo. Os dois, talvez. Bom, eu é que não ia encarar aquela fila gigantesca. Fui dar umas voltas, me deslumbrei com os preços baixos. O Boxing Day na Inglaterra está para o Black Friday nos Estados Unidos. Descontos de 50% e até mais. Mas não é tudo que entra na liquidação. As novas coleções sempre ficam de fora. Algumas lojas nem entram, como a Channel por exemplo. 

Saí da Selfridge lá pras 2h da tarde. Pense no carnaval de rua da Bahia! Pois é, a Oxford estava parecida. Muita gente andando de um lado pro outro, se apertando para passar e, ao invés da cerveja gelada, o que se vendia era castanha torrada. Só faltou o trio elétrico porque animação a galera tinha. Todo mundo feliz no sonho do consumo! Eu rodei umas quatro lojas, gastei uns pounds, esqueci de almoçar, cheguei até a tirar o casaco porque senti calor no meio da rua em pleno dezembro de Londres. Coisas do Boxing Day

A data (26 de dezembro) é feriado no Reino Unido. Os bancos não funcionam. Várias linhas do metrô também não. Algumas fecham para manutenção e outras porque os trabalhadores entram em greve. Além da celebração das compras, é um dia famoso também para o esporte britânico. Equipes das quatro divisões diferentes, desde a Premier League até a League Two, a quarta divisão inglesa, entram em campo para uma rodada completa. 


Não se sabe ao certo a origem do termo Boxing Day. Uns dizem que, na época antiga, como os empregados trabalhavam na noite de Natal, eles ganhavam uma folga no dia seguinte (dia 26) para visitar a família. E os patrões os presenteavam com caixas (boxes, em inglês) contendo comida, presentinhos, roupas, etc. Outros falam que antigamente, durante o mês de dezembro, a igreja arrecadava dinheiro para doar aos pobres e as caixas (boxes) com as doações eram abertas um dia após o Natal para que o montante fosse distribuído. 

Independente de qual seja a versão correta, o certo é que eu andei andei e fui parar na loja Prada da Bond Street. Sim, comprei minha bolsa. E viva o Boxing Day!

sábado, 1 de dezembro de 2012

Liverpool dos Beatles 2 (continuação)

The Cavern Club
À noite, fomos no Cavern Club. Uma cópia, pois o original foi demolido em 1973. O que mais me chamou atenção na hora em que entrei foi o cheiro de desinfetante. Na época, as pessoas que frequentavam o The Cavern saíam impregnadas por uma combinação de fumaça de cigarro, suor e o cheiro do desinfetante  colocado para limpar o local. Pois é, até isso foi recriado! Tinha uma banda tocando, claro, Beatles, e um público bem animado. A maioria turistas do próprio Reino Unido. 
Não foi preciso muito esforço para eu conseguir me transportar àqueles anos e imaginar os Beatles tocando na minha frente. Será que eles tinham noção do que estaria por vir? Será que eles imaginariam que hoje, mais de 50 anos depois da primeira apresentação no The Cavern, milhares de pessoas visitam o local, ainda que uma réplica, em busca deles? 

Camisa assinada por Pelé no Cavern!!!


The Magical Mystery Tour

No dia seguinte, um Beatles tour. Fomos nós num ônibus igual ao do Magical Mystery Tour (o guia só fala inglês). Emocionante ver a casa onde os meninos moraram. A igreja de St. Peter onde John e Paul se conheceram. Penny Lane, uma rua com sua rotina e sua gente como outra qualquer. Imaginar o menino John brincando nos jardins de Strawberry Fields. Perceber que eles foram crianças como eu e você, que cresceram andando de bicicleta, fazendo amizades no ônibus escolar, aprendendo a tocar violão, se encantando com as novidades do mundo. Perceber que, independente da fama e da grana, eles, como eu e você, tiveram amores, decepções, doenças, superações. Mas que, diferente de nós, eles tiveram a rara sensibilidade para transformar tudo isso em música, inovadora e inesquecível. Esses são os Beatles! 
Casa de tia Mimi onde John morou


Oh! Darling
Strawberry Fields Forever!


The Magical Mystery Tour



Liverpool dos Beatles (1)


Tenho certeza de que se eu tivesse vivido os anos 60 seria uma beatlemaníaca. Agora, mais de 40 anos depois do fim da banda, sou fã. E para uma fã dos Beatles, nada melhor que Liverpool. A cidade fica cerca de duas horas e meia de Londres (de trem) e é uma graça. Merece um post extra-Beatles. Mas vamos aqui nos centrar nos quatro rapazes. 

The Beatles Story
Na porta do Beatles Story
Chegamos em Liverpool por volta de meio-dia e fomos, de mala e tudo, para o Beatles Story, o museu dos Beatles em Albert Dock. De início, o museu parece apenas uma catalogação de dados e fotos da banda mas vai se aprofundando na história e você vai se envolvendo cada vez mais com tudo ali. Tem reproduções interessantes como a do The Casbah, o clube que muitos consideram como realmente o primeiro em que os Beatles tocaram, e a da vitrine da Hessy's, loja de instrumentos musicais da época onde os rapazes deixaram uma dívida grande só paga depois da fama. Na réplica da Mathew Street, onde fica o The Cavern, tem até um rato que dá um ar underground ao local. Muito legal as partes do Sgt. Pepper, com uma reprodução gigantesca da capa do disco, e do Yellow Submarine (as crianças adoram). Mais legal ainda porque o guia  possui áudio em português do Brasil. 
Matrioska dos Beatles


Eu e my friend John!
The Casbah
Depois de conhecer a trajetória da banda, você entra num espaço dedicado a cada um dos Beatles já na época carreira solo. O espaço recria a atmosfera característica de cada um deles. O de George Harrison é todo zen, no estilo Hare Krisnha. Macca, o bom menino, com sua mulher Linda, canta uma de suas melhores músicas: Live and let die. O de Ringo é meio pobrinho, também convenhamos ele era o menos talentoso. Aaaah... e o de John, meu favorito, com um monte de travesseiros para recriar o protesto que ele fez na cama com Yoko Ono já em Nova York. No interior de uma redoma, seus inconfundíveis óculos de aros redondos, avaliados em US$1,5 milhão. 


Antes de sair, uma última cena, singela e marcante: uma reprodução da sala com o icônico piano branco, onde John gravou Imagine. Amei!

Poderia até terminar aí que já valeu a viagem, mas tem mais... 





segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Iuri e a Primary School (parte II)



 Depois de quebrar a cara tentando uma state school para Iuri,  centrei minha busca nas independent schools (particulares e caras). Pesquisei na internet e escrevi um email (com meu inglês tosco e a ajuda do Google Tradutor, imagine o que não saiu!) para quase todas as escolas privadas de Londres. E quase todas responderam que não havia vaga. Quatro me deram boas notícias, dessas escolhi 2 para visitar. 

A primeira com um espaço físico enorme, um laboratório de ciências daqueles de filmes e até latim Iuri iria aprender. Na nossa visita, o Headmaster (diretor), com uma voz alta e grossa, perguntou de cara: -Você quer ser o quê quando crescer? Até eu fiquei nervosa... 

Achei a segunda mais simpática, mais aconchegante. Metrô quase na porta. Próxima ao Regent Park, num prédio secular, tombado como patrimônio. Todo dia tem aula de PE (Educação Física) nesse que é na minha opinião um dos parques mais belos de Londres. Iuri já está estudando lá há 3 semanas. 

A nova escola começa as 8:45h e termina as 15:45h. Ele tem aulas de Inglês, Matemática, Ciências, Espanhol, Computação, Drama (teatro), Música e Educação Física. São apenas 10 alunos por sala. Entre os colegas, 7 meninos e 3 meninas, um árabe, um italiano, um espanhol, uma russa, uma portuguesa, uma francesa e três ingleses. Coincidentemente, a portuguesa tem o mesmo sobrenome de Iuri. Um dia desses ele chegou em casa perguntando se podiam ser parentes.

O sistema de ensino britânico tem um ano a mais do que o brasileiro. Iuri aqui está na 5ª série (Year 5) da Primary School, que vai até os 11 anos. Em seguida, vem a Secondary School, dos 12 aos 16 anos. O ano escolar é dividido por Term, cada um com duração de mais ou menos 3 meses. Assim, tem o Autumn Term que é quando o ano letivo começa, no início de setembro, e que vai até meados de dezembro, com um intervalo de 2 semanas para o que eles chamam de Half Term (férias curtas). Em seguida, vem o Spring Term, de janeiro a março, com Half Term de uma semana. E depois o Summer Term, de abril a julho, também com Half Term de uma semana. As férias do meio do ano são longas, de quase 2 meses. As de fim de ano são de aproximadamente 20 dias. 

Coisa mais linda ver o meu filho sair de manhã, ainda com cara de sono, num uniforme super "inglês", de camisa, calça e sapato social (que precisa urgentemente ser engraxado!) e com uma mochila lotada de coisas (agenda, livros, roupa de Educação Física, tênis, garrafa de água, almoço, casaco, gorro, luva e guarda-chuva). Coisa mais deliciosa ver o meu filho chegar da escola cheio de novas histórias, com um monte de dever e sempre esquecendo de trazer alguma coisa (a última foi a chuteira). Ele quase não tem mais tempo para a Tv e nem para os jogos eletrônicos, em compensação traz um brilho no olhar característico de quem está feliz. 

Iuri at school
Estação pertinho da escola

Que nota para esses sapatos?







domingo, 18 de novembro de 2012

Iuri e a Primary School (parte I)


Uma das coisas mais difíceis para mim em Londres foi conseguir escola para meu filho. Iuri tem 9 anos e, no Brasil, está na 4ª série. Eu vim pra cá com a certeza de que ele estudaria numa escola pública. Ainda ponderei se seria a melhor opção, mas li numa matéria da Veja que qualquer escola pública daqui é melhor do que qualquer escola privada daí. Então tá, me convenci. Aqui, brasileiros me garantiram que seria fácil arranjar escola pública para Iuri pois "toda criança tem direito a escola" (hum, já ouvi isso...) e o Governo teria a obrigação de conseguir uma para o meu filho. 

Funciona assim: você elege 5 escolas públicas que gostaria que seu filho estudasse e aplica para essas. Eles usam muito esse termo aqui: apply para escola, universidade e para visto de entrada. Com base em alguns critérios, o Governo decide em qual escola seu filho vai estudar. O critério mais importante é a distância entre a casa e a escola. Quanto mais perto, melhor. Outro critério é se a criança já tem irmão/irmã na mesma escola. As instituições ligadas à Igreja exigem também uma espécie de "comprovante de religiosidade": um padre tem que atestar que você frequenta tal paróquia e dar boas referências sobre a sua família. É claro que a escola  precisa ter vaga para poder aceitar seu filho, as melhores geralmente não tem. 

Depois de entender tudo isso e bater o martelo em relação ao bairro em que iríamos morar, comecei a minha saga em busca de uma state school para Iuri. Na internet você encontra a avaliação oficial de todas as escolas. Visitei umas 10 na redondeza da Victoria Street. Algumas bem pertinho de casa, cerca de 5 minutos andando. Elegi minhas 5 favoritas, preenchi o formulário para "aplicar" e foi então que descobri um pequeno detalhe: Iuri não teria direito a escola pública aqui, pois o nosso visto é de apenas 6 meses. "Se quiser, coloque ele numa escola paga ou então contrate um tutor (professor particular)", foi o que ouvi das autoridades. Aqui é assim, as coisas funcionam bem, muito bem, mas de acordo com regras, rígidas regras. 

Aliás, uma pausa para um conselho aos menos experientes. Quebrei muito a cara tanto para tirar o visto, como para conseguir moradia e também escola aqui em Londres. E muito por conta de informações erradas. Até empresas tidas como renomadas me deram informações truncadas em relação a que visto eu e minha família deveríamos "aplicar", por exemplo. Depois de apanhar muito e ler bastante, sei hoje mais sobre o assunto que muitos advogados por aqui. Da minha experiência, te digo: se você tem alguma dúvida sobre esses tópicos, procure logo o órgão competente para se informar. Os sites oficiais geralmente são muito bons. E se continuar com dúvida, mande um email. Eles sempre respondem.

Chegamos aqui no dia 21 de agosto e um mês depois, Iuri continuava sem escola. Chegar em casa e encontrar ele mais um dia assistindo Tv me angustiava tanto que  pensei em voltar para o Brasil. Comecei então uma nova saga que eu conto no próximo post. Esse já está muito grande.
Até mais!

domingo, 11 de novembro de 2012

Poppies, Remembrance Day e eu com isso?

Hoje é dia de homenagear os combatentes ingleses que foram mortos nos campos de batalha. E como tudo aqui nesse país, a data é levada a sério. Uma celebração com a participação da Rainha acontece todo ano na décima primeira hora do décimo primeiro dia do décimo primeiro mês, que foi quando foi assinado o Armistício que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, em 11 de novembro de 1918. 

Hoje é o dia da celebração mas as homenagens aos que morreram nas guerras começam no início de novembro. Durante todo o mês, os ingleses usam uma flor, a poppy, presa geralmente do lado esquerdo do casaco. A escolha pelo lado esquerdo tem explicação, segundo eles: para os homens porque é o lado em que eles recebem as medalhas e para as mulheres pois é o lado em que a viúva deve honrar a medalha do marido. As flores, em geral de plástico, são vendidas em vários pontos de Londres, principalmente nas estações de metrô, e o dinheiro arrecadado vai para a Royal British Legion Poppy Appeal Benevolent Fund, instituição dedicada aos veteranos e seus dependentes.

A poppy é a papoula que a gente conhece no Brasil pela extração do ópio ou porque as sementes dessa flor vêm sendo usadas pelos chefs de cozinha para dar o toque final a pratos chiques. Mas achei interessante o porquê da papoula ter se tornado a flor-símbolo da homenagem aos combatentes mortos. Conto aqui rapidamente para vocês. Uma das batalhas mais sangrentas da Primeira Guerra aconteceu em Flanders, na Bélgica. Prédios, estradas, árvores, tudo foi devastado. E o lugar, que antes abrigava casas e fazendas, virou um mar de lama. Entre as ruínas, brotou uma flor de pétalas vermelhas: a poppy. As sementes dessa flor podem ficar anos debaixo do solo sem germinar porque elas precisam que a terra seja remexida para conseguirem brotar.  Segundo os ingleses, a flor que desabrochou do nada trouxe vida, cor e esperança aos soldados que continuavam lutando. 

Para o nosso país, que não sofreu as consequências de uma guerra como os europeus, é difícil entender a importância que eles dão a essa data. Ontem à noite, por acaso, passei pela Abadia de Westminster e vi o pátio da igreja tomado por pequenas cruzes de madeira. As cruzes ficam agrupadas por pelotão e trazem, cada uma, uma poppy junto ao nome do combatente homenageado. São milhares. Foi quando vi essa cena que percebi a dimensão da guerra para os ingleses. Senti o peso de uma história que não é minha, não é do meu povo nem do meu país, mas que me pertence porque diz respeito ao homem, ao ser humano, num dos seus momentos mais dramáticos.