Estou aqui com o coração apertado. Acabei de deixar Lara na nursery. É o quinto dia e ela continua chorando e chorando. Hoje, quando saí, ela implorou: "por favor, mamãe, eu quero ir pra casa, não me deixe aqui...". Ai, que dó!!!
Lara está com 2 anos e meio, já na hora de ir pra escolinha. Lembro que Iuri foi logo quando completou 2 anos. Lembro também que ele chorou, o que é normal, mas não com a mesma intensidade do que Lara. Eu não coloquei ela antes porque minha sogra estava aqui e podia ficar em casa com ela. Mas agora, além de eu achar que ela precisa se socializar, se trata de uma necessidade pois não tem quem fique com ela o tempo todo.
Aqui, o esquema com os pequenos é diferente do Brasil. As escolas, em geral, só pegam crianças a partir dos 5 ou 6 anos. Mas muitas vão logo cedo, com poucos meses de idade, para o que eles chamam de nursery, que nada mais é do que uma creche. As mães precisam trabalhar e não tem babá por aqui não!
Procurei várias creches para colocar Lara. A preferência é que fosse perto da nossa casa. Visitei algumas. Aqui, como eles têm limitação de espaço, as creches crescem na vertical, com dois, três andares e muitas escadas.
Quase fechei com uma que nem era tão perto de casa, mas na hora do desespero... Só que "meu santo" (baiana que sou!) não bateu com o daquelas mulheres. Achei elas sem muito tesão pelo trabalho.
Encontrei outra, até mais perto de casa, que gostei muito. Uma das primeiras coisas que a diretora me falou quando visitei a creche foi sobre a saída de incêndio. Aqui, eles dão muita importância a isso. Também com o histórico que tem...
A nursery é dividida em 3 partes. Uma para os babys de 5 meses a 2 anos, outra para os toddlers de 2 a 3 anos (é a de Lara), e a de 3 aos 5 anos. Contei hoje na sala de Lara 12 crianças para 4 "tias".
Lara e os coleguinhas ouvindo a "pró"contar histórias |
Lara tem aulas de balé, yoga e drama (teatro). Ela almoça na escola, a comida é orgânica. Como não há muito espaço físico, as crianças saem com as "tias" para brincarem numa quadra de futebol gramado que fica quase em frente à escolinha. As "tias"só falam inglês. Esse é o meu drama (e sem teatro!): como minha filha vai se comunicar? Dizer que está com fome, que está com frio, que quer fazer xixi? Todo mundo fala: "não se preocupe pois criança aprende outra língua muito rápido". Ok, mas tem mais uma questão: fico com medo dessa dificuldade de comunicação tornar Lara uma pessoa retraída, fechada, introspectiva. Pode ser viagem minha mas é que faz parte. Educar é fogo. A gente tem que pensar por vários ângulos, embora sempre tentando fazer o melhor pelos nossos filhos.
Lara tentando fazer amizade com uma alemazinha. Conversam sobre o quê mesmo?? |
Enfim, não tem jeito. A partir da próxima semana, a minha pequena vai ficar praticamente o dia todo na creche. Ela vai ter que passar por essa adaptação - e eu também. Não sei quem está sofrendo mais, ela ou eu. Pois ver minha filha com os bracinhos pra cima pedindo "por favor mamãe não me deixe aqui" é hard. Mas Lara também precisa tirar proveito dessa nossa estadia em Londres. Que momentos angustiantes! Espero que passem logo.